A TRINDADE SANTA
No último domingo celebramos a Santíssima Trindade, o padre Adenildo, da paróquia Santa Luzia em Curitiba utilizou na homilia o ícone ao lado para nos deixar um pouco mais claro o mistério de um Deus que é um e ao mesmo tempo três.
Sabemos, e o padre também comentou isso, que somente na eternidade entenderemos plenamente este mistério. Fiquei encantado com o ícone, assim como me encanta um Deus que tem três faces distintas, com funções distintas, todas interagindo com o homem, como criador, redentor e santificador.
Gosto da riqueza dos ícones, onde nada é ao acaso. As cores, os símbolos, cada detalhe nos remete ao todo. Podemos refletir e ver, através dos olhos do artista que pintou o ícone informações que às vezes nos passariam despercebidas, ou não ficariam tão marcados em nossa memória se fossem escritos.
As informações abaixo eu tirei do site A Milícia da Imaculada (www.miliciadaimaculada.org.br) espero que gostem e divulguem...
Contemplando a Trindade e vencendo a odiosa discórdia do mundo.
O Ícone é uma janela aberta para o absoluto. Exige uma longa contemplação para compreender sua profundidade espiritual e teológica. Tudo nele tem um sentido próprio, nada é inútil ou adorno artístico.
O Ícone da Trindade que mais perfeição apresenta na leitura do texto bíblico de Gn 18, 1-14 é do monge e iconógrafo russo Andrej Rublëv. Sua obra é considerada o modelo da iconografia trinitária.
Os três anjos da representação de Rublëv possuem a mesma dimensão, estão sentados em postura de repouso, em torno de uma pequena mesa, um altar, sobre ele o cálice contendo o Cordeiro do Sacrifício.
O anjo da esquerda é associado a uma casa, o do meio a uma árvore, o da direita a uma rocha. A sua pintura evoca uma unidade inefável e uma harmonia profunda.
Muitos estudiosos identificaram os três anjos com as Pessoas da Trindade. O anjo do centro é o Filho, como nos mais antigos ícones da Trindade. O anjo da esquerda é o Pai e o da direita é o Espírito Santo.
O anjo do centro e o da direita se voltam para o da esquerda, o da esquerda se volta para o da direita, num movimento circular perfeito, numa representação de um só Deus em três pessoas, que se completa num relacionamento de comunhão de amor.
O ANJO DA ESQUERDA: A FONTE DO AMOR.
O anjo da esquerda se distingue dos outros dois pelos seus gestos, pelas suas vestes e as suas cores. É o único que tem as costas cobertas com o manto. Não se inclina rumo aos outros dois.
Sua majestade não é nem distante nem severa, seus movimentos manifestam docilidade. Ele simboliza o Pai, do qual o Filho e o Espírito procedem e a quem conduzem toda a criação.
O ANJO DE CENTRO: O AMADO.
No centro está o Filho, que se inclina e volta o olhar rumo ao Pai. A proximidade dos dois é tal que suas asas se sobrepõem.
O seu braço direito é grande e potente. É o braço criador do Pai. A sua mão expressa dois movimentos; com o dedo médio aponta o cálice sobre a mesa e com o indicador aponta o Espírito.
As cores da suas vestes são mais vivas, por isto atrai o olhar. Tudo indica plenitude de luz. Atrás dele está a árvore, símbolo da vida e da cruz
O ANJO DA DIREITA: O AMOR.
O terceiro anjo, tem o corpo alongado, como uma grande chama de fogo. A sua postura é mais aérea, como um sopro de vento. Os seus braços caem ao longo do corpo indicam a receptividade. O seu corpo amplamente curvado se inclina ao Pai e ao Filho. O seu braço esquerdo livre do manto, se completa com o braço direito do Filho que também está livre, simbolizando, como dizia Irineu, que o Filho e o Espírito são de certo modo, as duas mãos do Pai.Atrás dele está a montanha, símbolo da divindade.
O ícone da Trindade de Andrej Rublëv não mostra apenas a diversidade de cada Pessoa, mas exprime o segredo da unidade, da plena comunhão que se realiza no amor. Tudo na obra parece movimento, ao mesmo tempo que é tranqüilo, pacífico, imóvel, evolvido num enorme silêncio. As figuras não tem nome próprio, indicam unidade, sem mediação de palavras, é Deus único.
Quando contemplamos o ícone nos tornamos Sara e Abraão. Somos levados para dentro da cena; os três peregrinos se tornam hóspedes na nossa tenda.
O ícone da Santíssima Trindade nos eleva ao maior mistério da nossa fé. Ele nos convida a uma experiência de amizade profunda, de comunhão, de unidade e de distinção.
É o caminho para a vencer a odiosa discórdia do mundo.